Quando pensamos na formação educacional, tal qual ela está posta, logo pensamos em uma trajetória de ensino: fundamental I, fundamental II, ensino médio e universitário.
Podemos considerar que o ensino universitário é o que nos proporciona maior liberdade de escolhas – se não for, muitas vezes, o único em que o aprendiz pode, de fato, fazer algumas escolhas. Escolhemos qual curso fazer, escolhemos a linha de pesquisa que seguiremos para a realização do trabalho de conclusão de curso (o temido TCC), escolhemos o tema de pesquisa para o mestrado, doutorado e, quem sabe, até para um pós-doutorado. A esse processo denominamos Trajetória. Quando queremos saber qual é a trajetória profissional de alguém inserido no meio acadêmico, por exemplo, consultamos o currículo lattes dessa pessoa e lá vemos, a partir das escolhas feitas pelo sujeito, qual o caminho percorrido por ele.
Contudo, vale levantar a seguinte questão: será que podemos, de fato, considerar como escolhas – no sentido mais amplo da palavra – o caminho percorrido nessa Trajetória?
Se considerarmos que pudemos escolher entre fazer Matemática, Psicologia ou Letras e, dentro do curso de Letras, escolhemos entre inglês ou espanhol. Então sim, fizemos nossas escolhas. Mas e se pensarmos que essa mesma pessoa que escolheu o curso de Letras desejasse fazer mandarim, e não inglês ou espanhol, será que ela poderia? Alguns podem dizer “Claro que sim, a USP oferece esse curso”. Mas e se essa pessoa, como tantas outras, não teve a oportunidade de fazer o curso na USP, ou ainda se ela vive em uma região distante dos grandes centros e as poucas faculdades a que tem acesso (e pode “escolher”) não possuem essa modalidade de ensino?
Quando levamos a questão a fundo chegamos à conclusão de que as “escolhas” que podemos fazer no meio acadêmico tradicional – tal qual está posto – são um tanto limitadas (quando não limitadoras).
Agora imaginemos a possibilidade de criarmos, nós mesmos, cada um com sua singularidade, dentro de seus desejos de aprendizagem e afinidades ideológicas, nossos próprios Itinerários Pedagógicos; e que os caminhos escolhidos – verdadeiramente escolhidos – por nós não tenham barreiras impeditivas e possam alcançar diversos pontos do mundo.
A própria ideia de Itinerários Pedagógicos é completamente distinta da trajetória acima descrita. O itinerário permite, em sua concepção, a escolha dos caminhos que serão percorridos, uma vez que eles são abertos à construção daquele que caminha. Além disso, ela está diretamente relacionada a idas e vindas, construção e desconstrução de conhecimentos arraigados, união de pessoas e não a solidão tão comum da trajetória acadêmica tradicional.
É exatamente o paradigma de Itinerários Pedagógicos que a Universidade Livre Pampédia oferecerá a seus educandos no Doutorado Livre, buscando cada vez mais, concretamente, colocar em prática do ideal do educador patrono da ULP, Comenius, o de “ensinar tudo a todos”.
Tathiane Graziela Cipullo