A conhecida frase, que diz que toda crise pode ser vista como oportunidade, não se aplica às questões da falta de água, que ocorrem no estado de São Paulo e em outras partes do mundo.
Quando a crise foi anunciada, apesar de maquiada e justificada por questões climáticas, o estranhamento que provocou pode ser entendido como ignorância de que a água é um bem vital, mas finito. Muitas pessoas passaram por um processo de negação até entenderem a gravidade da situação e os meios de comunicação hesitaram até tomarem partido, percebendo as implicações políticas envolvidas no caso. A falta de investimento nos sistemas de abastecimento de água e uma política de prevenção ficaram expostas à população ingênua, crédula e inconsequente.
Depois de decorrido um ano da descoberta de que os reservatórios da cidade de São Paulo estão se esgotando, principalmente o do Sistema Cantareira, o que se sabe é que há um racionamento velado nos bairros da periferia, sob o nome de diminuição da pressão.
Há bairros mais distantes do centro em que os moradores ficam vários dias sem água e outros mais no centro ou de classe média alta quase não são afetados.
Nessa situação, as soluções propostas pelo governo são relacionadas à garantia de consumo, como ampliação da captação de água de outros reservatórios ou até mesmo a retirada de outros Sistemas através do uso de adutoras para abastecer alguns bairros que anteriormente utilizavam o Sistema Cantareira, como no caso do Rio Claro, onde foram construídas mais de 80km de adutoras.
Outras ações foram tomadas como a doação de caixas d’água para moradores de baixa renda de alguns bairros da periferia esperando-se que a instalação ocorresse por conta dos mesmos. O interessante é pensarmos que outras caixas d’água ou a coleta da água da chuva são soluções incompatíveis com racionamento e com multa pelo aumento do consumo ou em época de estiagem. Como armazenar com racionamento?
Nesse caso fica clara a opção pela manutenção do consumo. Apesar de algumas tímidas iniciativas de aplicação de multas, a discussão não fluiu para um debate sobre uso consciente e muito menos sobre sustentabilidade.
A oportunidade nesse caso não emergiu da crise. Soluções paliativas, como as descritas, jogam o problema para mais adiante e não educam o cidadão a viver de acordo com a demanda disponível e decrescente de água. Já se pode notar na cidade condomínios de classe média e alta perfurando poços freneticamente, para manterem seus níveis extravagantes de consumo.
Não se pode perfurar, desviar indefinidamente, à caça de mais e mais água – os estudos mais rudimentares apontam para um aumento natural do consumo devido ao aumento dos moradores nos centros urbanos. O que se assistirá daqui para frente, portanto, é aquele caso onde se cobre de um lado e descobre do outro.
Se encararmos a sobrevivência como mero item de consumo teremos uma surpresa, pois estaremos educando uma nova geração talvez ainda mais irresponsável do que fomos.
Apesar desse quadro assustador ainda há uma saída: a educação para a sustentabilidade e essa é uma bandeira que a Universidade Livre Pampédia convida você para levantar conosco.
Uma educação integral, autônoma, solidária e, por isso, sustentável é o que propomos para uma vida melhor. Uma educação que integra o homem em si mesmo, em relação ao seu próximo e, sobretudo, em relação ao seu planeta.
Claudia Mota