Durante a aula inaugural da nova turma de Pós-graduação em Pedagogia Espírita, propusemos uma atividade para os alunos, a partir da reflexão do que significa o uso de espaços coletivos no mundo contemporâneo e exploramos alguns exemplos que representam como o potencial humano pode atuar nos mais diversos lugares.
O encontro foi muito rico na troca de ideias e possibilidades de atuação. Cada um, com sua visão de mundo e experiência, compartilhou reflexões e propostas para uma construção democrática de sustentabilidade dentro da Universidade Livre Pampédia.
Mas afinal, o que realmente significa sustentabilidade?
A palavra “sustentável” vem do latim sustentare que significa sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar.
Hoje sustentabilidade implica num princípio no qual o uso dos recursos naturais para sanar as necessidades presentes não deverá comprometer a possibilidade das futuras gerações de suprirem suas próprias necessidades. É claro que esse conceito contempla questões não só de ordem ambiental, mas também social, política e econômica.
Todos sabem que vivemos várias crises de sustentabilidade no mundo contemporâneo e muitos compartilham da preocupação que isso acarreta, contudo, quantos são os que realmente se engajam em seus contextos com essa reflexão aprofundada e com o real intuito de que as coisas mudem?
Por exemplo, se perguntarmos as questões abaixo para a maioria das pessoas hoje, o que você acha que elas responderiam?
Você sabe o quanto utiliza de água durante o dia, seja na sua casa, no seu ambiente de trabalho ou estudo?
Você conhece os problemas mais críticos que enfrenta o bairro que você mora?
Você tem ideia do quanto você produz de lixo por dia? E para onde ele vai?
Você conhece o percurso de todo produto que você consome?
Você sabe o quanto foi utilizado de recursos naturais para fazer os materiais que manuseia no seu dia a dia, como um simples papel, uma calça jeans ou um aparelho celular?
Infelizmente, poucos conseguiriam dar essas respostas. Em nossos automatismos do dia a dia, entramos numa sintonia que faz parecer que tudo à nossa volta obedece a uma cadeia normal e inofensiva, tanto em termos estruturais, quanto de produção e de consumo. Vivemos “nosso mundo” próprio, e na maioria das vezes com a preocupação de sanar somente nossas necessidades. Essa é a lógica do sistema que permeia o nosso modo de vida de uma maneira muito intensa e disfarçada, mas, que está fadada ao fracasso, pois ela compromete a própria estrutura que a sustenta.
E o que significa propor que um espaço coletivo funcione de uma forma sustentável?
Nós, da Universidade Livre Pampédia, acreditamos que o primeiro caminho é o da autoeducação, do despertar da consciência do seu papel no mundo. Ou seja, como diria Paulo Freire, significa a assunção de uma corresponsabilidade pelo lugar em que moramos, trabalhamos, estudamos etc. E é claro que essa contribuição, embebida de um sentimento de pertencimento ao lugar, advém de um trabalho íntimo de descoberta e de consciência das próprias potencialidades de atuação e também do que realmente possa surgir enquanto limitação pessoal.
Quando falamos em engajamento em seus próprios contextos, referimo-nos ao poder de transformação exterior e interior que o micro nos oferece. Não vou conseguir impedir o desmatamento da Amazônia, mas posso procurar diminuir a carne da minha alimentação pelo menos uma vez por semana e repensar novas formas de me alimentar. Ou posso plantar uma horta na minha varanda e boicotar os produtos banhados de agrotóxicos. Ou ainda, fazer uma gentileza urbana, consertando o balanço da praça do meu bairro para que meu filho aprenda que o público é nosso.
São tantas iniciativas e exemplos que podem nos inspirar dentro dessa perspectiva. E isso é sustentabilidade! Não precisamos esperar pelos governos ou instituições ou crises, para começar a nos relacionarmos de forma diferente com os nossos espaços.
Por isso, nós da Universidade Livre Pampédia estamos trabalhando com esse propósito, convidando a todos a construírem junto conosco novas formas de se relacionar com o mundo de uma maneira verdadeira e autoeducativa, afinal a mudança começa primeiro na gente.
Equipe Universidade Livre Pampédia