Diante do outro surge a insegurança. Sua mera presença desconstrói nosso foco autocentrado no ego e exige reação, que pode ser uma de muitas, como o isolamento, a violência (em seus mais diferentes graus), o simpatia, a empatia, o amor. O outro nos obriga a compreender que vivemos para além de nós mesmos, e que nossa presença tem um impacto que transcende nossa individualidade.
O ex-primeiro ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, nos fala sobre diplomacia nesse TED. Para ele, a arte da negociação precisa ser repensada. A política da diplomacia entre nações de não dialogar com grupos extremistas não leva a lugar algum e a intervenção militar em conflitos de países que tem suas origens em desavenças internas é inócua. é preciso aprimorar a arte do diálogo, para que alguma mudança efetiva ocorra.
Diálogo é a essência da política. Jonas Gahr cita a Primavera Árabe como exemplo desse novo fenômeno catalisado pelas redes sociais que é a mobilização da base para cima, para nos mostrar que hoje o diálogo precisa acontecer entre muitos atores e que por isso só pode realmente existir entre aqueles que compreendem e vivem intensamente aquela realidade. Nesse sentido, ONGs e outras organizações de cunho humanitário estão mais habilitadas para ouvir os argumentos do outro porque conhecem o capital social das comunidades e o que faz as pessoas confiarem umas nas outras.
Mas e se não há espaço para o diálogo? Se uma tropa de jovens soldados se vê cercada por uma massa de populares raivosos, que atiram pedras e vociferam palavras de ódio em um idioma incompreensível? E se ao dobrar uma esquina, estudantes que protestam contra o poder estabelecido encontram uma fileira de metralhadoras prontas para disparar? Cabem aqui situações menos agudas como aquele comentário agressivo que alguém faz em uma postagem na rede social, por exemplo. A pergunta aqui é : como se contrapor à agressividade do outro sem se tornar agressivo?
A ativista Scilla Elworthy nesse TED nos fala do uso da não-violência ante a agressividade. Em seus exemplos, fica claro que ela olha para o momento presente, quando o conflito é iminente e é preciso agir. Reconhecendo o medo que emerge ante da expressão raivosa do outro, e usando o autoconhecimento para se dominar a si mesmo.
Em ambas as falas, o ex-primeiro ministro e a ativista citam Nelson Mandela, o prisioneiro que depois de 27 anos no cativeiro chegou ao cargo de autoridade máxima de seu país e através de um processo político de diálogo que levou a uma reconciliação verdadeira entre sul africanos com pontos de vista opostos extremos. Quando Mandela decide olhar para o opressor (o outro que o agride) como sendo também um ser humano, ele abre a possibilidade para o reconhecimento mútuo e para o perdão.
Assim, o antídoto para a polarização é o diálogo sincero e aberto, a melhor resposta para a agressividade do outro é a não-violência, que reconhece nesse outro um igual que também deseja o melhor para o futuro dessa comunidade, a que chamamos de país.
Mauricio Zanolini
Uma resposta para “Diálogo como antídoto para a agressividade, um exercício difícil.”