As novas tecnologias de informação cada vez mais velozes fazem com que os conteúdos, que antes só podiam ser acessados em ilhas, como a escola e a universidade, estejam ao alcance de todos, sem a intermediação de um educador. O questionamento sobre o modelo de educação tradicional atual também decorre desse novo paradigma. Qual o papel da escola? Será que o que entendemos por ESCOLA é ainda necessário?
Com o aprofundamento dessa tendência que emerge da tecnologia, os educandos terão cada vez mais responsabilidade pelo seu próprio processo educativo. A autonomia é a principal característica desses novos tempos e a próxima geração já está vivendo o início de uma revolução. Pais, educadores, sociedade e Estado buscam novas propostas e novos modelos para a escola, mas se a o acesso individualizado à informação abre as portas para que a educação aconteça em qualquer lugar a qualquer hora, quem define as regras? Pais, professores, políticos ou os próprios educandos?
Experiências de educação alternativa são excelentes fontes de inspiração para ampliar nossa visão sobre as possibilidades do processo educativo. Modelos mais fechados como o da escola Waldorf, métodos cristalizados a partir de uma experiência prática como a escola Montessoriana, as escolas democráticas como a portuguesa da Ponte e o atual Projeto Ancora do mesmo educador português José Pacheco, ou as libertárias como Summerhill, desconstroem as verdades estabelecidas da educação tradicional. Mas qual a melhor opção? Existe uma essência em todas essas propostas?
A desescolarização (educação sem escola, seja ela domiciliar ou em comunidades educativas) deixa claro que o ambiente escolar não é fundamental para o processo educativo, mas ele pode existir como parte de uma rede. O acesso e a autonomia proporcionados pela tecnologia trazem os educandos para o centro da tomada de decisão, e por isso os pais, professores e políticos não poderão mais fazer escolhas em relação à educação das novas gerações, sem incluir os estudantes no debate. A essência do processo educativo, em qualquer modelo, é a relação entre educador e educando (considerando que esses papéis não são fixos, já que quando o adulto aprende com a criança os papéis se invertem).
Se os conteúdos, os conceitos e sua aplicação podem ser encontrados de forma autônoma e individual, através da tecnologia, o afeto, o exemplo de vida, o incentivo e o apoio, só podem existir na presença do outro, na interação, na oportunidade de se expor e arriscar sua fragilidade, na possibilidade de liderar e inspirar. Aos educadores, cabe esse papel de mediar, de olhar com empatia, de se reconhecer no educando. A educação está aí, no equilíbrio entre a curiosidade individual e a construção de relações e afetos. Se agirmos com consciência e responsabilidade, revolucionar a educação é mais fácil do que parece.
Mauricio Zanolini
O grande papel da escola está exatamente em propiciar condições de vivenciar tudo aquilo que é produzido.É o espaço social de convivência, é lá que exercito e aprimoro a teoria, onde troco e reflito com meus pares.É um espaço legitimo.
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E a escola tem sido realmente esse espaço?
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Não tem sido Felipe. Mas pode vir a ser. Assim como a família, a comunidade, a cidade. A educação está na relação que formos capazes de estabelecer com o outro. Quanto mais afetiva, mais honesta, mais consciente das potencialidade do outro essa relação forma, maior será a qualidade da educação que resultará dela. Abs!
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E a escola realmente tem sido esse espaço?
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