Escrever e pensar com claridade

feder2912a

A forma de comunicar ideias já faz parte da própria ideia. Explico-me. Se acreditamos poder buscar a verdade, queremos clareza na expressão. Se achamos possível a transcendência, a espiritualidade, usamos a linguagem da delicadeza, da elevação, das palavras com asas. Se consideramos necessário contribuir para um mundo mais humano, a escrita será firme, crítica, mas pacífica, não-violenta.

Por isso, não me apraz nem um pouco as obscuridades sem nexo, as imagens bizarras, as expressões feridas, sombrias, perdidas, como há em muita literatura por aí, e o que é pior, em muito do que se afirma filosofia. Quando a leitura angustia, tortura, perturba, ensombrece, confunde, significa que ela está a serviço ou da mera vaidade excêntrica de quem escreve ou de ideias que não edificam.

É claro que podemos escrever (ou ler) sobre fatos, ideias, sentimentos que são sombrios e precisamos nos abeirar deles de alguma forma. Mas a escrita comprometida com o bem, com a edificação, consegue promover no texto mesmo uma superação de toda sombra.

 Por exemplo, posso escrever um poema sobre a tristeza profunda que esteja sentindo, mas no final, encerro com um ou dois versos de redenção. Quer dizer, minha escrita não deveria ser simplesmente catártica e a mera exposição de minhas sombras, anuviando o pensamento alheio. A escrita deve servir como superação para mim e para quem dirijo o texto. Texto curativo, estimulante. Posso realizar uma crítica cirúrgica de algum problema social, mas aponto ao mesmo tempo caminhos, esperanças, soluções, sem deixar que a escrita resvale para a impotência nadificante. Posso lamentar uma tragédia coletiva, buscar causas, questionar responsáveis, mas sem deixar de enxergar a aprendizagem lúcida com a dor, usando expressões nobres e sólidas.

Nosso compromisso com a escrita tem de ser um compromisso com a claridade, com a beleza, com a esperança, com a semeadura de serenidade, com o estímulo à ação benéfica.

Quando a expressão é muito tortuosa, como se esmeram em fazer os pós-modernos, há um desejo de exibição egóica, uma vontade de dominar o outro por uma suposta complexidade (que na verdade é confusão ou incompetência de comunicação).

Quando a literatura é muito sombria, nos aprisionando no labirinto de fantasias bizarras e de emoções rasteiras, há um contágio de negatividade, arrastando-se a mente e o coração para porões profundos do inconsciente mais primitivo. Para quê? Já a vida é complexa, desafiante e muitas vezes brutal… usemos a escrita, não para nos alienarmos dela, mas pelo menos para elevá-la ou mostrar que há nela belezas, sutilezas, alturas e bondades. Semeemos palavras de militância, sim, mas sem pessimismo doentio. Tenhamos um estilo inteligente, sim, mas sem exibicionismos estranhos.

Nosso compromisso de escrita nesse blog da Universidade Livre Pampédia é esse: refletir com clareza, semear ideias que elevam e edificam e com isso contribuir para uma humanidade mais lúcida e feliz.

2 respostas para ‘Escrever e pensar com claridade

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