O vídeo abaixo tem circulado pelas redes sociais e me chamou a atenção por muitos motivos. O primeiro e mais evidente é por retratar uma relação de ensino e aprendizagem entre um pai e um filho. Em geral, o papel do pai na educação não é muito retratado por conta de uma cultura que não coloca o homem nesse papel, mas que por força da conjuntura, esse paradigma está perdendo força.
A sequência de ações que acontecem no vídeo é muito ilustrativa pela força do gesto – já que não existem palavras na comunicação entre pai e filho – e por causa das soluções criativas e improvisadas que vão conduzindo essa comunicação para o seu objetivo inicial. A intenção do pai é ensinar ao filho a escovar os dentes e esse objetivo não é desviado, mesmo que as ações da criança pareçam sair do controle.
No início do vídeo, o pai estabelece claramente a razão para se escovar os dentes. A criança rapidamente identifica o pai como alguém que também precisa fazer o mesmo. Para o filho não há distinção entre educador e educando, existe apenas o diálogo e qualquer ensino é consequência dessa comunicação entre o eu e o outro.
Mais à frente, a criança quer se olhar no espelho enquanto seu pai escova seus dentes. A forma como o pai reverte a situação sem ser agressivo ou autoritário, apenas usando a criatividade é o ponto alto do vídeo.
Logo a criança muda o foco de atenção e os dois, pai e filho, passam a conversar sobre os desenhos na camiseta do pai. Mais uma vez se desvia do objetivo, mas o pai não perde o foco. Ele embarca no desvio, respeitando o tempo da criança, e volta a escovação sem ser autoritário.
A escovação da língua é outro momento intenso desse diálogo sem palavras. A brincadeira de procurar a língua, as expressões de preocupação por não saber onde encontrá-la e de surpresa/alegria por saber que ela estava no lugar de sempre, ensinam a criança muito mais do que a higiene bucal.
O vídeo tem pouco mais de seis minutos, tempo esse que se repetirá todos os dias por anos, com sucessos e fracassos. No futuro, esse filho saberá muito mais do que como manter seus dentes limpos. Ele saberá que não se deve desistir nunca, que podemos fazer a mesma coisa de muitas maneiras se formos criativos e que não precisamos nos impor de forma impositiva, para conseguirmos atingir nossos objetivos. A brincadeira e o humor nos aproximam, constroem relações empáticas, nos colocam em posição de igualdade diante do outro e, por fim constroem um mundo melhor. Seis minutos de cada vez.
Mauricio Zanolini
Essa relação pai/filho me fez relembrar da importância desse relacionamento saudável e amoroso. Me fez relembrar da minha infância e dos cuidados que meu tinha em repassar para meu irmão e eu os conhecimentos que recebia durante seus treinamentos como militar que foi. Lembro daquelas cenas, como um filme que passa diante de meus olhos. Cenas de carinho e amorosidade. Da preocupação de um pai que cuidava para que os filhos recebessem informações, que ficariam gravadas no cérebro daqueles pequenos seres, para o resto de suas vidas. Foram pequenos gestos, mas de uma grandiosidade infinita, pois em minha mente eles são nítidos até hoje. e por que não afirmar que serão eternos.
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Oi Silvia! É por isso que a infância é um momento tão delicado. Se a amorosidade e a dedicação paterna podem marcar fundo a ponto de carregarmos estes momentos pela eternidade, imagine o que a violência e o desamparo não fazem… A educação (escolar ou da família) é uma relação fundamental e a responsabilidade dos adultos nessa relação é extremamente importante.
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