Sobre essa ou aquela escola dos sonhos

Todos, em geral, falam de uma “escola ideal”, que aparece nas conversas sob vários codinomes (escola integral, escola interdisciplinar, escola livre, etc). Mas a questão-chave, no meu ponto de vista, é o tempo verbal que precede os adjetivos dessas escolas ideais. Explico. Todos os adjetivos que caracterizam essa escola ideal vêm precedidos pelo verbo “ser” conjugado no futuro do pretérito. Daí fica aquela disputa…

“A solução é essa porque a minha escola ideal SERIA assim”.

“Não, mas a minha SERIA mais viável porque ela SERIA assado”

“A minha é ainda melhor: ela FUNCIONARIA assim”.

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Perceba que independente do modelo de escola ideal por que tenhamos preferência, o cerne do problema em si não é o modelo, mas fazer com que essa escola/ideia seja uma realidade, de fato, e dê certo.

Porque no futuro imaginado, nossas ideias podem funcionar tão perfeitas como as engrenagens de um relógio, mas na realidade toda nossa imaginação terá que enfrentar os problemas reais que a escola de hoje também enfrenta.

Podemos, sim, reformular o sistema. E mudar disso para aquilo, também podemos. Mas se não fizermos o básico agora, que é lutar de corpo e alma pela escola de nossos sonhos, tampouco a escola do futuro dará certo.

Fazendo uma analogia com o teatro, digamos que você pode mudar o palco, o figurino, arrumar mais verba para o espetáculo, mas se os atores não quiserem encenar com amor e paixão teremos mais uma peça fraca, digna de bocejos e fugas furtivas por parte da plateia.

Criar uma comunidade de aprendizagem, por exemplo, é uma tarefa complexa em qualquer escola, seja ela a ideal ou não. A LDB da Educação já nos permite uma maravilha de coisas dentro das escolas. Precisamos nos juntar com as pessoas que querem fazer a mudança aqui e agora. Pais, professores, alunos… Quem quer criar uma comunidade de aprendizagem? Quem quer construir todos os adjetivos da escola ideal em nossa escola no aqui e agora? Façamos o convite! E vamos que vamos. Não tem isso ou aquilo? Que tal fazermos um abaixo assinado, uma reclamação por escrito para os órgãos competentes? Chamar a mídia para denunciar a lástima das coisas? Criar comissões para reivindicar? Criar projetos e buscar soluções? Vamos visitar o ministério público, que tal? Vamos buscar parceiros (ONGs, universidades, setor privado, etc.)? Falta verba? Então, vamos organizar uma festa com a ajuda de todos para arrecadar dinheiro e podermos comprar o que precisamos.

Se a escola que sonhamos não tiver essa mobilização entusiasmada e desbravadora de nossa parte, reformaremos o sistema de acordo com nossos sonhos, batizaremos a nova escola com o codinome preferido… mas será que assim garantiremos todos aqueles adjetivos que tanto almejamos? Ou será que vamos mudar a capa e continuar com o mesmo conteúdo?

Mais do que modelos novos, acredito na força das pessoas. Se tivermos essa força como base, aí sim os novos modelos de escola ideal farão sentido e com certeza eles irão surgir como fruto dessa mudança que iniciarmos agora. Concorda? Então, mãos à obra!

Aqui na Universidade Livre Pampédia sonhamos com muitas coisas… Parte delas estão no futuro, mas a construção é diária, engajada, às vezes com sacrifício. Estamos regando nossos sonhos hoje para que o amanhã seja repleto dessas flores.

Glauco Nepomuceno

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