Sobre Finlândia, vanguarda e… nós [atualizado]

O texto abaixo é um comentário dessa notícia aqui (ver mais no final do texto).

Imaginem uma aula sobre aquecimento global e o ecossistema amazônico, na qual os professores de biologia, química, geografia, história, português e matemática unissem esforços para abordar o tema proposto pelo viés de sua especialidade. Difícil de imaginar?

Agora imagine que essa não seja uma aula experimental nem um projeto de educação alternativa, mas que o sistema público de ensino no Brasil não mais dividisse o conhecimento em disciplinas e aulas de 50 minutos e, ao invés disso, os conteúdos dessas especialidades fossem apresentados quando confrontados com um fenômeno/projeto. Impossível?

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Não, não é impossível. Ao menos para a Finlândia. Esse é o próximo passo da educação pública desse país que já tem as mais altas pontuações em medições como o PISA (Programa para Avaliação Internacional de Estudantes), o que significa que o modelo de educação na Finlândia é “vencedor”. Então por que mudá-lo? –talvez você esteja se perguntando. Segundo os finlandeses, a mudança é necessária porque o contexto do século XXI não é o mesmo do século XIX, e por isso a escola de hoje – que em muitos aspectos é igual à escola do século XIX – deve mudar. Difícil contra argumentar, não?

Mas nem tudo são flores. Esse ensino interdisciplinar baseado em fenômenos sofre resistências para ser implantado plenamente na Finlândia. Isso porque os professores e diretores que passaram anos se especializando no modelo anterior são resistentes à mudança – e, sim, isso é compreensível e faz parte do processo de mudar – , mas cursos, incentivos, palestras e bonificações têm aplacado as ansiedades e a Finlândia vai, assim, se colocando na vanguarda da educação.

E para quem chegou nesse ponto da leitura e pensa que isso é privilégio da Finlândia, saiba que o ensino interdisciplinar é uma das bandeiras da Pedagogia Espírita e base conceitual da Universidade Livre Pampédia e que é assim que a nossa proposta pretende contribuir para que possamos ler o mundo na sua complexidade.

Com as redes, a comunicação instantânea e a velocidade da informação, o tempo do desconhecimento está acabando. Não podemos mais tomar decisões sem levar em consideração todos os impactos que aquela decisão terá.

No passado, nosso horizonte era curto e, por isso, o impacto de nossas decisões era limitado (ou pelo menos nós acreditávamos nisso). Hoje, se não entendermos a complexidade do mundo, caímos na hipocrisia, no egoísmo, no desastre.

De onde estamos, ancorados em Comenius, Rousseau, Pestallozzi e Kardec, nos sintonizamos com esse pensamento de vanguarda na educação e acrescentamos mais um grau de complexidade: a espiritualidade humana. E é esse ancoramento que nos permite olhar além.

Na Finlândia, a compreensão do contexto complexo no qual vivemos motivou a proposta de uma nova educação, e essa decisão conceitual não está preocupada com o resultado do PISA, que deve ser apenas uma consequência de uma decisão consistente e não a sua meta principal. Da mesma forma, nós da Universidade Livre olhamos a complexidade do agora protagonizada por um ser humano de múltiplas dimensões. Nossa base conceitual não abre mão de nenhuma dessas dimensões e qualquer resultado será consequência dessa abrangência.

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Concordo que a Finlândia não é o Brasil e que eles tiveram muitos erros e acertos até chegar ao grau de compreensão e vanguarda que estão propondo hoje, mas isso não significa que nós temos que repetir todos os erros e acertos deles para avançarmos. O passado deve nos inspirar, nos dar um norte para conceituarmos o ser humano ante a eternidade, mas vivemos no presente e temos que fazer a revolução agora! Vem com a gente?

Logo depois de publicarmos esse post a notícia que o motivou foi retificada (você pode ler aqui).

É interessante como reconhecemos o pioneirismo e a inovação positiva quando nos deparamos com a primeira notícia e que o fato dela ser só parcialmente verdadeira não tira a força da ideia, só mostra que é mais difícil do que gostaríamos, mas ainda assim é desejável. Nós da Universidade Livre Pampédia também lutamos para fazer a transição de uma mentalidade arraigada para um novo paradigma, mas a vanguarda desse tipo de proposta não é o que está em xeque. O que está em xeque é o futuro.

Mauricio Zanolini

3 respostas para ‘Sobre Finlândia, vanguarda e… nós [atualizado]

  1. A escola da ponte em Portugal há anos pratica esse conceito de aulas. O nosso querido Rubem Alves sempre desejou implantar esse modelo de escola em nosso país, mas sempre encontrou barreiras. Acho que é o caminho para mudarmos nossa educação e darmos aos nossos educandos o prazer de estudar, conhecer e saber e perguntar! Sem perguntas não há conhecimento. Parabéns à Finlândia! Que nos sirva de exemplo!

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  2. Penso que precisamos dialogar com o paradigma da transdisciplinaridade, aliás, o próprio Espiritismo, apesar de nascido no século XIX, transcende o paradigma positivista e me parece profundamente convergente com a transdisciplinaridade.

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  3. Oi,
    Achei fantástica a proposta da Finlandia!
    Vocês já viram as propostas do RIO DE JANEIRO?
    Tô indo, rápidinho para a Universidade Livre PAMPEDIA!
    Beijos

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