Terapia pedagógica – um projeto que se inicia

Símbolo TP
Logo do projeto Terapia Pedagógica – as folhas simbolizam os temas tratados 

Nesse final de semana, começou na Universidade Livre Pampédia, um projeto piloto, inédito, inovador, sob a coordenação de três mulheres: Cláudia Gelernter, psicóloga e tanatóloga; Claudia Mota, professora e psicopedagoga e, entre as duas Cláudias, eu, Dora Incontri, educadora, escritora e outras coisinhas mais. O projeto se chama Terapia Pedagógica.

Nele, pretendemos promover um encontro entre terapia e educação, entre os clássicos da educação (como Comenius, Rousseau, Pestalozzi) e os psicólogos humanistas (como Erich Fromm, Carl Rogers e Viktor Frankl), e entre pessoas, que queiram se autoconhecer, se transformar e se ajudarem mutuamente.

A ideia surgiu três anos atrás e está sendo gestada desde então, com pesquisa, maturação, escrita de artigos, discussões entre as três coordenadoras. Agora esse grupo piloto representa uma etapa de pesquisa prática, para depois podermos publicar e multiplicar a proposta.

Partimos da hipótese de que a Educação deveria trabalhar temas existenciais importantes, como projeto de vida, sentido existencial, valores, identidade, infância, finitude, espiritualidade (de maneira plural), dores, resiliência, rede de afetos, entre outros temas. Mas a Educação não mexe com nada disso. Nem a escola e nem os pais estão preparados para lidar com essas questões. Por isso, o farto adoecimento psíquico em nossa sociedade – que já por si só é enlouquecedora, com seu ritmo acelerado, com seu bombardeamento de informações desencontradas, com seu apelo neurótico ao consumo, com a solidão resultante dos relacionamentos fluidos (como quer Bauman), com a crise de valores e com a espiritualidade rendida à autoajuda fácil e à comercialização dos bens espirituais, em todas as religiões.

A segunda parte de nossa hipótese de trabalho é que poderíamos (e deveríamos) então trabalhar esses temas com adultos, para recuperar essas lacunas da educação. Perfazer de forma terapêutica um caminho que deveria ter sido trilhado preventivamente. Para isso, não basta uma revisão racional dos temas, uma mera apreensão cognitiva, embora essa também deva se dar. Temos que remanejar emoções, ressignificar posturas, abrirmos os olhos da alma para novas perspectivas. Para isso, precisamos de vivências, de arte, de espiritualidade, de troca afetiva.

Assim, se iniciou nosso grupo de Terapia Pedagógica, com poesia, filme, música e… também discussões e leituras teóricas. E, sobretudo, acolhimento mútuo, ajuda entre todos, escuta empática.

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Num sábado iluminado, em Bragança Paulista, na Universidade Livre Pampédia, demos o primeiro passo. Uma vibração de paz e felicidade geral era quase palpável. Uma jornada que, esperamos, possa vir a beneficiar muita gente. Porque a ideia é criar um processo terapêutico que seja educativo (como aliás toda terapia deve ser, mas nesse caso a ênfase é totalmente pedagógica), que foque na capacidade de cada um de desabrochar seus talentos, reconhecer seus valores, superar suas dores e constituir-se como um indivíduo capaz de transformar-se, transformando o seu meio. Um processo aliás, democrático, porque gratuito e desierarquizado, porque todos podem se ajudar e se educar mutuamente.

7 respostas para ‘Terapia pedagógica – um projeto que se inicia

  1. E muito satisfatorio saber da existencia desse projeto! Compartilho desses mesmos ideais e pensamentos. So acho uma pena nao estar proxima para compartilhar essa vivencia, que certamente e inspiradora e renovadora! Desejo prosperidade ao trabalho.

    Cristina Rocha
    Astolfo Dutra
    Psicologa

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  2. Parabéns ao grupo por mais essa iniciativa em busca de soluções para a educação integral do ser humano.Sucesso e um grande abraço em todas.

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  3. Estamos em uma nova era em que o conhecimento se faz necessário,principalmente o conhecimento de nós mesmos como seres humanos como espíritos viventes na busca incessante do auto-conhecer-se.Achei muito interessante esse trabalho em grupo e que vai acrescentar algo mais no nosso sentido de viver.

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  4. Pingback: Podemos falar em centros espíritas progressistas? | Blog da ABPE
  5. Excelente projeto! Acredito, único em centros espírita. Parabéns ao grupo.
    Informo que existem várias experiências de psicólogas(os) nordestinas(os) da Abordagem Centrada na Pessoa que, acredito, se adequariam às propostas das(os) companheiras(os), certamente com algumas adaptações. Um dessas é o ENCONTRO DE JACUMÃ : UMA VIVÊNCIA COMUNITÁRIA ALTERNATIVA, ocorrida em 1988, na Paraíba.
    Um forte abraço.
    Hélio Pacheco.

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