Provas: um momento de construir relacionamentos!

Nas faculdades em que lecionei, era obrigado a aplicar pelo menos uma avaliação escrita. Nesses dias era comum que um aluno me chamasse para tirar uma dúvida, ou, na verdade, verificar se o que ele estava pensando estava certo ou não. Eu sempre atendi e acabava validando a resposta com ele, pois não tinha interesse nenhum em dar certo ou errado em uma correção posterior. Mas eu achava isso injusto com os demais alunos essa situação.

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A solução foi a participação da classe; quando o aluno me chamava com esse tipo de dúvida, a orientação era abrir a pergunta para a classe e a classe o ajudasse. Eu participava apenas como facilitador da conversa e estimulando a troca de conhecimento e não apenas a obtenção de respostas fáceis. Às vezes dava certo, outras não, em algumas classes era melhor do que nas outras, porém o método me pareceu justo com todos e o resultado foi que alguns que nem se conversavam passaram a conversar pelo simples fato de uma barreira ter sido quebrada entre eles. No lugar construiu-se uma ponte.

Esse método foi uma etapa para o passo seguinte: provas sempre em grupo.

As provas em grupo são experiências que permitem que os alunos treinem uma série de habilidades, além do suposto conhecimento, eles tem que expor suas ideais, escutar as ideias do outro, chegar a uma síntese das diversas opiniões, e etc. Os professores mais conservadores me diziam que, em grupo, um aluno carrega os demais; bom, se o grupo assim permite, não serei eu a discordar do arranjo, em algum momento os carregados terão que enfrentar suas escolhas! Quem faz o que no grupo é uma decisão deles, que precisa ser respeitada, bem como a administração do grupo em si. Em uma prova o trabalho é rápido e pontual, mas num trabalho extraclasse exige muito de cada um e muita coisa pode acontecer e ser resolvida entre eles – o professor aparece nesse contexto, no máximo, como um facilitador da discussão.

Medir a apreensão de um determinado conteúdo é necessário, mas as provas de caráter certo ou errado não são eficazes, afinal o conhecimento só tem valor quando usado, muitas vezes só fará sentido anos depois, quando a vida trouxer para alguém a necessidade desse conhecimento.

Assim, cabe ao educador ter um sistema muito lúdico e que ajude aos seus pupilos a não perderem o interesse de conhecer, tenham vontade de pesquisar, saibam trabalhar sozinhos e em equipe, desenvolvam a curiosidade científica e assim por diante. As provas podem ser passos desse processo, mais do que avaliar alguém apto ou não por meio de dez perguntas.

Alexandre Mota

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