A página ou a tela em branco, o pesadelo e o motor de todo escritor, de todo artista. O sol que insiste em nascer todos os dias, os anos que acabam, a passagem do tempo que nos impele a seguir em frente. Precisamos criar/buscar incessantemente, senão acabaremos como o Fausto de Goethe que, quando se deu por satisfeito e parou, teve sua alma arrancada pelo demônio.
Os paralelos entre vida, educação e arte são tantos que eu arrisco dizer que são a mesma coisa. Um exemplo são os filmes que nos fazem ver a nós mesmos em seus personagens. Histórias são sobre arquétipos e não sobre esteriótipos. Por mais local e específica que seja uma narrativa, o que nos conecta a ela é a sua universalidade, sua capacidade de dialogar com nossa essência. O impacto de uma história depende da coragem do escritor que encara a página em branco e se decide pelo diálogo.
Criar é mergulhar na vida de cabeça. Se expor à criação do outro é também fazer essa imersão (a ideia de escapismo que o entretenimento carrega é portanto uma falsa ideia). Educar é criar, é uma forma de ARTE e abrir-se para aprender é mergulhar nessa arte. A relação dialética da educação é a possibilidade mais latente de conexão com a essência, conexão essa que é filha da empatia e neta da autocrítica, todas descendendo da percepção do eu, da singularidade que nos define e nos diferencia.
Partimos do ego e através da criação/arte/educação/vida vamos expandindo, comparando, encontrando conexões e atingindo a essência, num movimento circular de retorno à ordem inicial. Mas ao retornarmos, já não somos mais aquele que partiu, como o herói das histórias, que enfrenta perigos, encontra mestres e parceiros, adquire habilidades e enfrenta seus monstros, quando voltamos aos campos verdes, ao balançar da rede na varanda, ao riso e ao silêncio, estamos mais inteiros, amadurecidos, capazes de ver a beleza onde antes não víamos nada.
Recomeços são páginas em branco precedidas dos círculos de todas as narrativas anteriores que nos fizeram o que somos hoje. Podemos preencher essas páginas com criatividade, buscando soluções inovadoras para nossas relações e nossas responsabilidades, ou podemos repetir o roteiro das histórias que já escrevemos no passado. Ao criar novas histórias, estamos nos autoeducando, fazendo arte, nos superando/transcendendo/evoluindo. Recomeços são oportunidades.
Nós da Universidade Livre Pampédia desejamos a todos um ótimo recomeço de ciclo! Feliz 2016!
Equipe da Universidade Livre Pampédia
Que interessante! Herculano Pires dizia tbm que a trajetória da existência era um ciclo no qual origem e fim eram a integração com o Criador.
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