Apesar da forte indignação que nos toma diante da falta de disponibilidade ao diálogo, de falta de transparência e de uso da violência do Governo do Estado de São Paulo, diante das justas reivindicações dos estudantes, que não querem a remoção de suas escolas, para serem empilhados em outras, há boas notícias a respeito desse momento histórico.
Entre elas, está a organização dos alunos, que se empoderaram de sua escola, de sua cidadania, de sua capacidade de manifestação pacífica e autônoma. Pessoas ligadas à Universidade Livre Pampédia estiveram em algumas dessas escolas ocupadas e puderam constatar a maturidade com que os adolescentes estão conduzindo esse movimento.
Outra boa nova é que justamente num momento de crise, os alunos que tomaram conta de suas escolas estão fazendo espontaneamente uma autoeducação muito próxima dos projetos de educação alternativa em que acreditamos. Autogestão, limpeza e preservação do ambiente escolar pelos próprios estudantes, aulas em grupo por professores convidados, exibição de filmes com debates. Nós mesmos da Universidade Livre Pampédia vamos fazer uma conversa com exibição de filme numa escola de Jundiaí. Vamos mostrar para eles a experiência das Escolas Vocacionais, da década de 60, violentamente reprimidas na ditadura militar. (Dica para quem pede a volta da ditadura, deem uma olhada no filme Vocacional, uma aventura humana). Ou seja, nas mãos dos alunos, a educação está se dando de forma mais vital, orgânica e verdadeira do que a grade curricular do sistema, que aprisiona e não interessa a ninguém. Até Virada Cultural vão promover.
O interessante também é que o movimento pelas escolas demonstra um amor à própria educação, coisa que a maioria das pessoas considerava absolutamente ausente nesta geração. Isso já não seria suficiente para tocar a dureza de coração dos governantes? Mesmo com escolas detonadas, sem recursos, sem nenhum interesse do poder público por melhorá-las, os jovens querem ficar nelas. E essa ocupação, aliás, também está lhes dando a oportunidade de mostrar em seus vídeos o estado precário, vergonhoso em que se encontram as escolas públicas de São Paulo. Mas, ao invés de equipá-las e reformá-las, o Governador quer fechá-las e mandar os alunos para outras escolas, onde ficarão quem sabe em salas com 80 estudantes, inviabilizando ainda mais uma educação com mínima qualidade e dignidade humana.
O que também nos anima ao observarmos o que está acontecendo é que hoje a democratização dos recursos tecnológicos nos faz todos testemunhos históricos, jornalistas, protagonistas… todos podemos filmar e postar uma cena de violência, um apelo à união. Através das redes sociais, as escolas estão trabalhando unidas! E se tudo isso fosse o tempo todo usado para a Educação, em que os educandos atuassem sempre como protagonistas? A tirania hoje é desmascarada on-line. As reivindicações são proclamadas no Facebook! Não se pode negar que é algo novo, instigante, e que traz esperanças ao coração.
Estamos com vocês, alunos que ocuparam suas escolas. Permaneçam firmes, sem ódio; organizados, sem desânimo. Se a reivindicação que estão propondo não for atendida pela insensibilidade do poder público, vocês já estão dando uma grande contribuição. A atitude que tiveram até aqui tem sido uma lição de cidadania e vocês ficarão marcados para sempre por essa experiência de participação e protagonismo e deixarão marcas na história da educação no Brasil.
Gostei muito do filme ” Vocacional, uma aventura humana”. Valeu a dica! Seguindo o blog, aos poucos vou percebendo o mal irreparável que as “escolas” fizeram em minha vida. Porém, em que eu puder contribuir para esta e as próximas gerações poderem ter acesso à um ensino sem opressão e imposição, vou fazer. Sou avó de quatro netos ainda na fase da infância. Obrigada”
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