Nesse fim de semana último, em parceria com o Instituto Hólon, a Universidade Livre Pampédia esteve na Bahia. Na Faculdade Bahiana de Medicina, dei um seminário sobre Educação e Espiritualidade, com momentos de teoria, filosofia, história das religiões e momentos de vivência, poesia, música e diálogo.
A proposição de resgatar a espiritualidade na educação desde o ensino fundamental à Universidade, uma de nossas maiores bandeiras, teve uma análise acurada durante esse encontro.
Não se trata de revitalizar o ensino confessional, a imposição doutrinária, seja de que corrente for, nem abdicar do espírito racional e crítico para nos alienarmos num misticismo sujeito à exploração econômica, ao fanatismo e à intolerância.
Trata-se de enveredar por essa belíssima frase de Gandhi:
“Após estudos e muitas experiências, cheguei à conclusão que 1) todas as religiões são verdadeiras; 2) todas as religiões contêm em si alguma margem de erro; 3) todas as religiões são para mim quase tão queridas quanto o meu próprio hinduísmo, principalmente na medida em que todos os seres humanos deveriam ser para mim tão queridos quanto meus próprios parentes. Minha veneração pessoal por outros credos é a mesma que dedico à minha própria fé.”
Trata-se de exercitar o que se pode chamar de uma espiritualidade saudável, de quem vive uma fé sem autoflagelação, sem mania de castigo e não projeta um deuzinho vingativo e tirânico. O que faz bem à alma e ao corpo é uma fé racional, defendida por dois autores de séculos diferentes, mas que têm visões em comum: Allan Kardec e Erich Fromm. Uma fé racional que se alia a uma visão de um Deus amoroso e compassivo, desse que nos acolhe sempre e é ao mesmo tempo paterno e materno. Ideia corroborada hoje pelas pesquisas de um Harald König, cujos conceitos também trabalhamos no encontro.
Entretanto, num seminário como esse, de espiritualidade, não vale apenas teorizar, é preciso sentir e vivenciar.
Uma coisa muito interessante para quem estuda as diferentes religiões é observar que em várias vertentes, há uma experiência de Deus – que é traduzida em poesia mística. E a maneira de traduzir essa vivência de Deus – as metáforas, os termos, as imagens – é muito semelhante entre hindus, cristãos, muçulmanos e judeus. O que no fundo pode bem revelar que é mesmo Deus – muitas vezes chamado de o Amado – que está sendo sentido nessas almas…
Então, em nosso encontro, lemos Rumi, Tagore, salmos de Davi, Juan de la Cruz, Herculano Pires…
E depois, os participantes do encontro, ao som de músicas religiosas, fizeram seus próprios poemas, dos quais destaco esses dois belíssimos trechos:
Deus está.
E não está.
Pois O busco.
Está à minha espreita…
Estando dentro de mim
Me busco.
(Brena Silva)
Deus! É quando a luz externa vai embora e a interna fica acesa.
(Dijane Sacramento)
Belíssimo texto e que reflexão. Buscar não é só falar e sim praticar.
Parabéns.
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