Entre os eixos temáticos que trabalhamos na Universidade Livre Pampédia, estão a Comunicação Não-violenta, o diálogo inter-religioso, a educação para a paz. Ora, em todos esses temas, aparece a questão central do diálogo. Trabalhamos com pluralismo, diversidade – que é o diálogo entre diferentes correntes de pensamentos – e com interdisciplinaridade – que é o diálogo entre diversas áreas do conhecimento.
Diálogo que é relação, troca. Diálogo que é escuta, respeito. Diálogo que é sobretudo valorização do outro, pensar que podemos aprender com o outro. Ao mesmo tempo, nos disponibilizarmos a ensinar, de forma clara, não impositiva e afável.
Quem dialoga, de fato, aprende e ensina, influencia e é influenciado.
Podemos nos transformar, sem perder a identidade. Porque dialogar não significa impor nossas posições ou aceitar as posições do outro. O diálogo é a aceitação do diferente, sem escândalo, sem desgosto, sem reprovação.
Tudo isso, porém, esbarra num problema de fundo: o ego inchado. A vaidade, o orgulho, o empavonamento, a centralidade em si, o desejo de poder sobre os outros, o desprezo pelo próximo, o desinteresse em aprender, o sentir-se dono de todas as verdades… essas atitudes, que estão arraigadas no psiquismo humano de forma visceral, impedem que haja um diálogo sincero, despojado, amoroso e enriquecedor entre as pessoas de diferentes crenças, de diferentes visões de mundo, de diferentes áreas do saber.
Quem fala demais, compulsivamente (e quantas pessoas há assim), não escuta, não aprende, não dialoga.
Quem despreza os que não pensam igual não enxerga valor nenhum na visão de mundo do outro, não exercita a empatia, para compreender por que o outro pensa assim, não se coloca em pé de igualdade, não dialoga.
Quem tem estruturas mentais muito rígidas, dogmas muito fechados, e sente-se inseguro de colocá-los em cheque (como dizia Erich Fromm, o fanatismo é fruto da insegurança), tem medo do diálogo, nem finge dialogar, foge de qualquer confronto com suas posições.
Quem ironiza demais, usa o ácido da desconstrução permanente das posições diferentes da sua, demonstra profundo desdém pelo outro, impedindo o diálogo. Aliás, a ironia congela qualquer conversa.
Por tudo isso, em nosso ideário da Universidade Livre Pampédia, está a ideia de “propiciar o encontro entre os seres humanos, mas também o cultivo de si”. Não é possível trabalhar o diálogo apenas citando Sócrates e Paulo Freire, Gandhi e Rosemberg (o criador do conceito de Comunicação não violenta). É preciso olhar-se, conhecer-se, analisar-se e ver quais são as posturas nossas, que impedem o diálogo, que canais de empatia, ternura, compreensão, humildade e sabedoria teremos de abrir, para ir ao encontro do outro, de mãos estendidas e coração limpo, de mente aberta e desejo genuíno de trocar.
O diálogo não significa a adoção de um relativismo radical, de achar que tudo está bom, que nada seja reprovável. Mas um certo relativismo sim, é necessário: aquele saudável, que aceita o questionamento, embora não se recuse a alguma conclusão possível.
Nem significa o diálogo uma extinção do espírito crítico, ferramenta indispensável para a melhoria da sociedade, para o debate das ideias e para a progresso do pensamento. Mas justamente quando há diálogo real, a crítica é exercida com cuidado e o melindre não entra em cena.
Difícil tudo isso? Sim! Mas possível, necessário e urgente!
Dora Incontri
Vivemos num mundo de competiçao , + a competiçao do Ego sem sombra de duvidas e a + dificil de ser combatida, entendida , ninguem aceita ser ironizado , rebaixado no seu ego maior .Penso q. nesse sentido falando de mim propria, pois sinto essa dificuldade de forma visceral + tmb percebo q. as pessoas vao ficando cada vez + inchadas se encontrarem quem as apoie , as bajule e acolha seu ego … dando – lhes o formento para q. se sinta maior e + apreciado q. o outro .Desta forma o outro vai se sentindo aniquilado … pequeno sem nenhuma possibilidade de ser igual, criando – se entao a falta de empatia e humanizaçao , onde ouvir e ser ouvido e imprescindivel a cada um de nos .
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