Comenius, o patrono inspirador da Universidade Livre Pampédia, desenhou de próprio punho a árvore do mundo, para simbolizar que tudo estava organicamente interligado e que nosso conhecimento também deveria ser assim, corresponder à organicidade das conexões que se apresentam na realidade. É o que hoje chamamos de inter- e transdisciplinaridade.
Entretanto, desde o tempo de Comenius até hoje, o esforço da Educação tem sido sempre no sentido de tornar o conhecimento linear, seguindo algum tipo de ordem lógica e/ou cronológica. Devemos admitir que para isso contribuiu o próprio Comenius. Embora ele concebesse o mundo e o conhecimento, como necessariamente unos, orgânicos e não lineares (ele falava de uma Pansofia – sabedoria do todo e de uma Pampédia – ensinar tudo a todos, com todas as suas interconexões), em sua Didática Magna, ele de certa forma propõe uma organização de ensino do mais simples ao complexo, que poderia levar (como levou) a uma ordenação retilínea do conhecimento.
Logo depois do mestre checo, ainda preocupado em manter a visão una e entrelaçada de todas as coisas, cada vez mais nos séculos seguintes, a história da ciência e da filosofia caminhou por uma segmentação disciplinar, chegando ao auge da especialização no século XX, justamente o século onde se começou a pensar os termos inter- e transdisciplinaridade, numa busca de reconexão entre as áreas.
Entretanto, há um caminho complexo a ser percorrido para pensarmos o mundo de forma interdisciplinar. Primeiro porque somos todos formados através de disciplinas estanques, que não conversam umas com as outras. Embora seja claro tanto em pesquisas de ponta hoje, quanto em ações profissionais cotidianas, que é necessário o diálogo de diversas áreas para o entendimento de um problema ou para uma ação no mundo, ainda estamos engatinhando nessa forma de se enfrentar o conhecimento e as atuações dele decorrentes.
Durante muitos anos, trabalhei com crianças e adolescentes, aplicando projetos interdisciplinares e desenvolvi uma metodologia própria, partindo de um gancho (que poderia ser um poema, um filme, uma música, uma pesquisa, um debate) e a partir desse gancho, ir alargando em círculos, os temas entrelaçados entre si. Alguns desses relatos estão em meu livro Vivências nas Escola (atualmente esgotado).
Mais recentemente, estou liderando dois grandes projetos que são necessariamente interdisciplinares, orgânicos e não lineares. O mais abrangente, a Universidade Livre Pampédia, e a Terapia Pedagógica.
Na Universidade Livre Pampédia, pensamos em organizar o conhecimento em Núcleos interdisciplinares e em Eixos Temáticos. E na Terapia Pedagógica temos dez eixos temáticos, interligados entre si, sem ordem de prioridade ou relevância. Tanto que dispusemos os temas em forma de árvore. Como já previa Comenius, a melhor representação da interdisciplinaridade é justamente a árvore, pela sua riqueza simbólica de troncos, galhos, folhas, tudo interligado organicamente, com a mesma seiva.
Mas quando vamos passar a uma ação pedagógica dentro desse novo paradigma, a coisa não é tão fácil. No caso da Universidade Livre, estamos no desafio de transformar um curso de pós – o de Pedagogia Espírita – que funcionava na base de módulos e disciplinas, para o modo Núcleos Interdisciplinares e Eixos Temáticos. E no caso da Terapia Pedagógica, de transpor em 12 encontros temáticos a ideia de uma árvore. O que mais se opõe a essa visão orgânica e integrada é a linearidade cronológica, a necessidade de se fazer algo sequencial, quando a visão é simultânea, gestáltica.
Poderíamos dizer que a visão una, sistêmica, integrada, é atemporal, intuitiva. E a visão linear se enquadra na sucessão temporal e na lógica tradicional, iniciada com Aristóteles, que foi aliás, quem primeiro dividiu as áreas de conhecimento: Ética, Poética, Política, Física, etc…
Estamos pensando, ensaiando e vamos comunicando os resultados. Se alguém tiver sugestões, serão bem-vindas.
Gostaria muito de fazer essa interferência em meus trabalhos com a comunidade escolar , pais , gestores e professores, pois trabalho em uma escola publica estadual , e sou coordenadora da sala de leitura, gostei imensamente da arvore da terapia pedagógica onde representa realmente a forma de laços de Família que vejo, então novos horizontes para se trabalhar a questão das famílias do Séc.XXI, e possível visão de futuro, se for possível que tenhamos possíbilidade em elaborar um programa voltado a escola publica, agradeço profundamente pois seria de grande valia pra nosso trabalho na escola, visto que são trabalhados pelos professores as competências e as habilidades em seus conteúdos , na sala de leitura nós trabalhamos os assuntos socioemocionais.
Desde já agradecida pela oportunidade, de dar minha opinião e poder conhecer esse trabalho de vocês,que reconheço ser maravilhoso. Parabéns
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vejo que estamos num tempo de mudanças e se essas não acontecerem não avançaremos na educação. ..como educadora e espírita conheci a Escola de Ponte.O Âncora onde é tudo diferente.A aprendizagem e processual.Construída e não ditada.Unindo essa metodologia a espiritualidade e seus ensinamentos alcançaremos mais um passo no crescimento humano e espiritual.
Gratidão Maria Luiza Degasperi de Sousa
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Tenho acompanhado os estudos de meus netos e percebo a confusão e a dificuldade que existe nesse novo campo interdisciplinar do conhecimento.Textos prolixos confusos, surgem nas apostilas de cursos ” famosos”, em nome da interdisciplinaridade e as maiores vítimas são os estudantes que ficam perdidos em meio a tudo isso. Requer realmente um trabalho de fôlego e de difícil resolução, mas não é impossível a solução. Com muito estudo ,esforço e união dos profissionais das diversas áreas com disponibilidade para se reunirem e unirem competência e força de vontade, um dia chegaremos lá
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