A primeira ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, se aliou a Islândia e a Nova Zelândia, para tornar o bem-estar dos indivíduos que formam o coletivo, o principal foco das políticas públicas e da economia. Para isso, os três países criaram a Rede de Governos da Economia do Bem-Estar e estão desafiando o PIB como medida do sucesso de um país. Tanto a Islândia quanto a Nova Zelândia são atualmente governadas por mulheres.
Na década de 1970, o Butão, país da Ásia entre a Índia e a China, criou o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) em contraposição ao Produto Interno Bruto (PIB). A ideia do FIB é que o objetivo da vida das pessoas que formam um país não se limita a produção e consumo seguidos de mais produção e mais consumo. Esse índice tem 4 pilares – o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da cultura, a conservação do meio ambiente e a boa governança. Como toda proposta contra-hegemônica, existem muitos problemas na sua implantação. Além disso é um experiência que está completamente ligada a um contexto geográfico e cultural específico. Mas a iniciativa abriu o debate sobre a maneira que os países capitalistas medem suas riquesas.
Em 2018, no Fórum Econômico Mundial em Davos criou o Índice de Desenvolvimento Inclusivo (IDI). Esse índice considera 11 aspectos divididos em 3 áreas – crescimento, desenvolvimento e inclusão. Os países que estão na ponta de cima do IDI são Noruega, Islândia, Luxemburgo, Suíça, Dinamarca, Suécia, Holanda, Irlanda, Austrália e Áustria, países com forte tradição de igualdade social. O Brasil está no meio da lista já que tem por um lado a maior concentração de renda da América Latina, e de outro um sistema de seguridade social que apesar de falho em vários aspectos, ajuda a equilibrar a desigualdade. Mas o Fórum Econômico Mundial classifica a tendência do país como pessimista (no IDI) em razão da recente agenda neoliberal conservadora.
Seguindo essa onda de novas formas de entender e classificar a riqueza dos países, a Escócia, a Islândia e a Nova Zelândia estão liderando uma outra abordagem. Com indicadores tão variados quanto a desigualdade salarial, o cuidado com as crianças, o acesso a espaços verdes, o acesso à moradia, o adoecimento mental, entre muitos outros. O desafio é criar parâmetros para mensurar cada um desses aspectos, transformando-os em índices que vão impactar de forma positiva ou negativa o calculo da riqueza do país. Desafiar o status quo nunca é fácil.
A primeira ministra Nicola Sturgeon cita “A Teoria dos Sentimentos Morais“, do também escocês Adam Smith, onde ele diz que o valor de qualquer governo se julga proporcionalmente à medida que faz seu povo feliz. Nas palavras dela: “Nenhum de nós tem todas as respostas, nem mesmo a Escócia, o local de nascimento de Adam Smith. Mas no mundo em que vivemos hoje, de crescentes divisões e desigualdades, de ódio e alienação, é mais importante do que nunca fazermos as perguntas e encontrarmos as respostas para essas questões, para que possamos promover uma visão de sociedade que tenha o bem-estar, e não apenas riqueza, na sua essência.”