Já falei aqui sobre como os testes de nível de proficiência na Educação (como o PISA, a Provinha Brasil, o ENADE e o próprio Vestibular), deixam de medir o conhecimento dos alunos e passam a determinar o curriculum e a forma como o aluno e a escola vão se organizar para atingir uma determinada posição no ranking.
Os testes deformam ainda mais um sistema que já não funciona. Na busca por dados para se desenhar políticas para a Educação, os testes nos alimentam de estatísticas e porcentagens, sem olhar para o conceito de educação que está sendo avaliado.
Nesse TED de 2015, o fundador da Khan Academy, Sal Khan, nos fala sobre a revolução tecnológica na qual estamos imersos, que nos tirou do contexto de uma era industrial e nos jogou numa era da informação. Para Khan, os testes não fazem mais sentido, já que eles servem a um paradigma que não existe mais.
Para comparar os dois paradigmas, Khan nos fala que na era industrial éramos uma pirâmide. No meio dessa pirâmide, estava o processamento de informação, feito pela classe burocrática; no topo, a classe detentora do capital, os empreendedores e a classe criativa. A base dessa pirâmide (a maior parte das pessoas), era de trabalhadores da indústria.
Na era da informação, a pirâmide se inverte. A base da pirâmide é dominada pela automação (robôs), e a maior parte do processamento de informações (do meio da pirâmide) é feito por computadores (inteligência artificial). Isso significa que a maior parte das pessoas vão para o topo da pirâmide. Mas para isso de fato acontecer, precisamos dar condições para que as pessoas possam ser essa classe criativa.
Outra comparação de Khan: na Europa do século XVII, um membro letrado do clero, por exemplo, não acreditaria ser possível alfabetizar toda a população. Ele provavelmente diria que mesmo com um sistema educacional muito bom, apenas 25% das pessoas seriam capazes de aprender a ler. Hoje sabemos que praticamente 100% das pessoas com acesso à educação aprendem a ler.
Se fizermos a mesma pergunta hoje para um engenheiro, por exemplo, ele não acreditaria ser possível que mais do que 25% da população pudesse dominar conhecimentos como química orgânica ou cálculo. Na escola, os alunos que atingem a nota mínima numa prova de matemática passam para o próximo nível, ainda que sua compreensão dos conceitos seja falha. Esse acúmulo de falhas na apreensão dos conceitos leva o aluno a desistir. Ele passa a crer que não tem talento para aquele tipo de saber.
Para Khan, é o próprio sistema educacional que nos leva a esse tipo de ideia. O que entendemos por AVALIAÇÃO é uma forma de nivelar por baixo para garantir a manutenção da pirâmide do paradigma da era industrial. Se quisermos liberar todo o potencial que temos como sociedade humana, temos que nos ver como capazes de compreender e dominar todo e qualquer conceito.
Imaginem um mundo em que praticamente 100% das pessoas fossem biólogos, químicos, matemáticos. Que mundo poderíamos construir com tanto conhecimento? Para Sal Khan, não há nada de utópico nisso. É só uma mudança de mentalidade.
Excelente. Parabéns.
O topo da pirâmide parece continuar ocupado por pessoas com o perfil citado. Na base, com a chegada dos atores cibernéticos, aumenta o contigente de desempregados, em parte pelo chamado “analfabetismo funcional”.
Com o fenômeno da longevidade, precisamos de um método, inspirado, quem sabe, em Paulo Freire, para retirar muitos da escuridão.
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Realmente essas AVALIAÇÕES só servem para desestimular e nivelar não só os alunos, mas nós professores também, por baixo. É muito angustiante ver como os alunos se sentem e se comportam diante dessas provas. Como educadores precisamos fazer valer o nosso papel, mesmo diante dos entraves e das dificuldades. Quero formar homens, mulheres, cidadãos CONSCIENTES de seu POTENCIAL!!!
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muito bom gostei
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