Nossa voz no meio da ventania… O parto difícil da educação livre no país de Bolsonaro e Feliciano

Ethnicity Diversity Gorup of Kids Friendship Cheerful Concept
Esse o sonho!

Uma menina de 11 anos leva uma pedrada nas ruas do Rio de Janeiro, porque está usando uma roupa do Candomblé. Outra menina, de 15 anos, é morta, espancada pelo seu pai, evangélico, porque estava namorando. Um rapaz gay de 20 anos leva uma surra da irmã e cunhado, evangélicos, por ter se manifestado nas redes sociais a favor da manifestante crucificada na parada gay. A bancada evangélica do Congresso trabalha na calada da noite, literalmente, para aprovar leis de seus interesses. Nesse mesmo Congresso, militam a favor do retrocesso, a bancada da bala e pessoas no naipe de Bolsonaro e Feliciano.

No meio de manifestações nas ruas e nas redes sociais que se opõem ao governo, surgem reivindicações da volta da ditadura militar, com total ignorância histórica (ou aprovação repressora mesmo) dos milhares de jovens inocentes (e não por serem terroristas e mesmo que fossem, nada justifica o terror do Estado) que foram torturados e mortos, por discordarem do sistema, à vezes por serem leitores e admiradores de Marx, por terem participado de ações políticas contra o governo. Essas mesmas pessoas que pedem a volta da ditadura militar, se estivessem vivendo num regime de ditadura agora não poderiam se manifestar dessa maneira.

Avança, orquestrada pela mídia e pela população servil a essa mídia, a aprovação da maioridade penal, um golpe na constituição e no Estatuto da Criança de do Adolescente. Não adiantam números da redução penal de outros países apontarem que a criminalidade não diminuiu. Não adianta evidenciar que as prisões são escolas de crimes e que por piores que sejam as Fundações Casa, ainda são uma oportunidade maior para o resgate social do adolescente infrator. Não adianta argumentar que as leis repressoras no Brasil são para pobres e negros e que quem irá para a cadeia aos 16 anos, como quem vai para a Fundação Casa, não será o filhinho de papai que espancou uma empregada na rua ou saiu com o carro escondido da família e atropelou alguém. Mas será aquele rapaz pardo da periferia, que faz rolezinho no shopping e ousa roubar um tênis daquele mesmo filhinho de papai. (Não gritem porque não estamos defendendo o roubo da santa propriedade, mas apenas apontando as gritantes disparidades sociais vigentes entre nós!) O fato de que a lei seja para casos mais graves e em prisões separadas dos maiores de 18 anos não ameniza o golpe da Constituição e toda a argumentação acima.

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Essa a realidade!

Há mais. Cresce a crise econômica no Brasil e todos sentem o arrocho no próprio bolso. Mas o que a população, hipnotizada pela mídia corporativa nacional e internacional, não sabe é que as crises econômicas (desde a de 1929, passando pela de 2008) são crises inventadas, geradas artificialmente pelos banqueiros internacionais, para mudarem a seu bel prazer as regras do tabuleiro do jogo e lucrarem um pouco mais. Que importa arrocho salarial, desemprego em massa e mesmo a quebradeira de países inteiros? É um detalhe. Com essas crises também se derrubam governos que podem atrapalhar esses interesses. Afinal, ao contrário do que nos mostra a desinformação das grandes mídias, não é a Dilma, nem o Obama, nem nenhum presidente que lidera efetivamente uma nação, mas são os bancos internacionais, aos quais os congressos e os governos estão submetidos. (Ver Nota Abaixo)*

Pois então… nesse momento de ameaça de retrocesso, de levante das forças obscurantistas e repressoras da sociedade brasileira; nesse momento de retraimento da economia, deixando os mais idealistas quase à míngua de recursos (porque em períodos de crise sofrem os que trabalham por uma causa social, cultural, educacional, como sofrem os mais pobres e a classe média); nesse momento em que vemos vir à tona comentários racistas, homofóbicos e ditatoriais, às vezes de pessoas queridas, próximas, vizinhos, amigos e se acirram os desejos repressores de muitos… bem nesse momento, está nascendo, com muito esforço, a fórceps, a Universidade Livre Pampédia. Feita por gente que acredita na liberdade, no respeito à diversidade, no diálogo inter-religioso, na educação de todos e não na punição de ninguém, nos valores da fraternidade entre as pessoas e em modelos alternativos, solidários, independentes de economia, de gestão, de educação.

Não estamos sozinhos, porém. Há outras vozes que se levantam. Há muita gente lúcida que enxerga o horizonte com mais humanismo e autonomia, com mais ideal e utopia. Temos jovens militando por uma educação livre como André Gravatá, Alex Bretas e Antonio Sagrado Louvato, temos gente já madura como José Pacheco, Tião Rocha e Helena Singer (que agora está no Ministério da Educação) que tem uma história nesse campo. Apenas para citar alguns.

Nesse momento de ventanias, que anunciam tempestades, nós da Universidade Livre Pampédia, levantamos uma bandeira de fé no ser humano, de esperança no futuro, de trabalho consistente de liberdade e de redenção pela educação. Uma educação que não formata, mas emancipa, que não contribui para a manutenção do sistema, mas para a sua mudança. Porque queremos um mundo melhor, menos violento (e só se consegue menos violência, com métodos não-violentos) e mais florido para as crianças de todas as cores, de todas as religiões, de todas as nações!

Participe conosco desse parto! Sua presença é importante para que a criança possa nascer bem e crescer com vigor! Fique sabendo o que estamos fazendo, venha dar sua contribuição, divulgue nossas propostas, leia nosso blog, marque presença em nossos cursos e eventos, discuta as nossas ideias, que são suas e de todos os que trabalham por enobrecer e elevar a humanidade e não por depreciá-la e discriminar grande parte dela! Venha e ajude-nos a desfraldar essa bandeira!

* Essa ideia de que as crises são produzidas artificialmente não é teoria da conspiração. São pesquisas históricas, aliás feitas pelos próprios norte-americanos, que apresentam os fatos a respeito. Infelizmente, essa bibliografia ainda não tem tradução em português. Para citar duas fontes: Sobre a Crise de 29: Mullins, Eustace – The Secrets of the Federal Reserve – Cap XII – “The Great Depression”. Descreve todo o mecanismo para o preparo do crash e os envolvidos, bem como a partilha dos lucros provenientes do evento e as consequências para o povo. Sobre a Crise de 2008: Ferguson, Charles H. – Predator Nation: Corporate Criminals, Political Corruption, and the Hijacking of America. Todo o livro trata da crise de 2008. (Nota de Roberto Colombo)

Dora Incontri

7 respostas para ‘Nossa voz no meio da ventania… O parto difícil da educação livre no país de Bolsonaro e Feliciano

  1. Existem várias teorias sobre o desenvolvimento econômico-social alguns dizem queocorre aos saltos, outros por contínuos movimentos de avanço e retrocesso; parece-me a última hipótese a mais viável neste momento: os governos de direita e extra-direita vencendo em eleições universais, a perseguição religiosa insuflada pelo ódio domina as manchetes dos jornais, a passos largos esta ocorrendo a diminuição das liberdades de expressão e de circulação. Vários países em guerra estão sendo financiados pelo tráfico de armas. Uma justiça cega, mas com os ouvidos bem abertos para o tilintar das moedas em seus pratos. O Racismo exacerbado domina setores consideráveis das camadas mais abastadas que associado a violência do Estado massacram os mais jovens e mais pobres. Caetano Veloso sabiamente resumiu em Sampa: “é a força da grana que constrói e destrói coisas belas”. Não podemos nos emudecer, não podemos reagir como disse Martin Luther King: “o que preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Excelente matéria e obrigada por tê-la escrito e publicado.

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  2. Adorei e concordo, que ha que passar pela educação, pois quanto mais conhecimento,mais questionamentos fazermos, para não cairmos na alienação ou sermos manipulados por esta força que quer que continuemos ignorantes de nós e do meio!
    Gratidão e conversando com meus filhos a respeito!
    Um abraço fraterno!

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  3. Estou querendo falar com Jesus.
    O senhor marcou hora?
    Não, tem que marcar?
    Aquela fila ali é de quem não marcou hora.
    Achei que fosse mais simples.
    Tempos modernos, meu caro.
    Tem um lanchinho pra esperar?
    Você não trouxe de casa?
    Casa? Era sobre esse assunto mesmo que eu queria falar com Ele.
    Hum, milagres hoje não tá saindo muito não.
    Não?
    Povo anda sem fé.
    Mas Ele…
    E com essa política toda aí… fica difícil até pra Ele.
    Só aqui que Ele atende?
    Onde mais?
    Não sei… é que achei que Ele estivesse pelas ruas…
    Rua hoje tá um perigo!
    Não tem nem um pãozinho?
    Você pode tentar com o pessoal da fila. Mas acho difícil, solidariedade tá em baixa.
    Hum… deve ser bom trabalhar aqui, diretamente pra Ele.
    O emprego até que paga bem. Mas é muito tempo em pé.
    E o senhor, fala sempre com Ele?
    Eu? Nunca.
    Ué, mas o senhor trabalha aqui.
    É… mas Ele é muito ocupado, não sobra tempo.
    Nossa, achei que por estar mais perto…
    Anda, anda que tem mais gente chegando.
    E o senhor acha que se eu entrar na fila consigo falar com Ele ainda hoje.
    Não tenho a menor ideia. Aquele pessoal da fila, já está ali há muito tempo.
    E nada?
    Nada.
    Meu Deus, como é que se fala com Jesus?
    Não faço ideia. Dizem que ele não tem facebook. Mas ouvi dizer que tem uns encontros com ele.
    E tem que pagar?
    Claro! Em que mundo você vive?
    Ai, mas é que eu estou meio sem emprego.
    É… você não é único. O pessoal ali da fila…
    Estou cansado. Queria ao menos falar com Jesus do meu cansaço.
    Vai ao médico ver o que é isso.
    Achei que Ele…
    Vamos, vamos, o senhor está atrapalhando a fila.

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  4. Querida Dora:

    Fiquei emocionada com seu texto! Está escancarado, para quem quiser ver, que o caminho seguido pela educação, com raras exceções como você mencionou, não tem ajudado o ser humano em sua trajetória de elevação moral. Importa é não nos conformarmos com o que está em voga, não aceitarmos como natural o preconceito, seja qual for.
    A privação de uma educação digna e que possibilite a todas as crianças e jovens o seu desenvolvimento como um ser integral e , sobretudo, moral, explica muito do que tem ocorrido em nossa sociedade. Mais do que nunca, é preciso estar alerta e, sobretudo, participar da mudança que queremos!

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