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Espiritualidade – sem fadas e bruxas e sem inquisição

A inclusão da espiritualidade na pesquisa, na educação, na vivência pessoal e coletiva é uma demanda de nosso tempo, visto que o positivismo estreito e materialista não conseguiu dar conta do ser humano por inteiro. Essa também é uma bandeira da Universidade Livre Pampédia.

Entretanto, alguns parênteses precisam ser colocados, para que certas diretrizes sejam garantidas, e essa inclusão não signifique um retrocesso em termos de rigor científico e filosófico.

Explico-me. Ao mesmo tempo que reconhecemos que a dimensão espiritual do ser humano precisa ser contemplada nas mais diversas áreas do saber, importa não perder de vista que a sociedade superficial e descartável de consumo trata dessa dimensão de uma forma perigosamente rasa.

Diante do vazio existencial que o mundo contemporâneo provoca, com sua escassez de relações humanas profundas; com as notícias diárias de tragédias, sangue e guerras; com sua oferta excessiva de informações contraditórias, manipuladoras e pessimistas; com seu consumo desenfreado – é óbvio que a demanda por uma espiritualidade aumenta e se torna muitas vezes uma estratégia de sobrevivência. Para encontrar sentido, elevar–se acima do turbilhão do momento, evitando depressão, drogas, suicídio, há que se procurar a visão das montanhas, da transcendência, da eternidade.

E aí, dois atalhos se mostram muito frequentes, atalhos que aparentemente diferem um do outro, mas que têm algo em comum.

(O vídeo abaixo é uma sátira dessa vertente, e como toda sátira traz verdades importantes:)

https://www.facebook.com/fatorquantico.br/videos/996981776992254/

Como vemos, o que é comum em ambos os atalhos e que cai tão bem em nosso tempo é o imediatismo fácil das soluções propostas e a irracionalidade dessas soluções.

Ora, quando defendemos a inclusão da espiritualidade, estamos tratando da espiritualidade com algum rótulo específico ou da espiritualidade livre, mas que raciocina, critica, estuda, se aprofunda, se faz um caminho existencial empenhado em transformações pessoais e sociais profundas. Não são caminhos mágicos, mas caminhos de esforço e comprometimento, de princípios morais sólidos, mas que não geram intolerância justamente por serem sólidos.

Por isso, é importante que essa espiritualidade esteja em diálogo com a Ciência, com a Filosofia, com a sociedade. Para garantir que ela não se perca num mundo de fadas, bruxas e duendes e nem se feche num gueto inquisitorial. E por isso é bom que ela esteja na Universidade. Nas Universidades tradicionais e nas Universidades Livres.

Dora Incontri