Do mundo que não aguentamos mais para o mundo que queremos… qual o caminho?

Tir a la corde - Terre

Trabalhar por um mundo melhor, mais igualitário, mais justo, com menos violência, com menos sofrimento… Esse é o sonho que anima muita gente. Pelo menos aquelas pessoas que já saíram da ostra do narcisismo, que já sentem vibrar em si um impulso altruísta de ir ao encontro da dor alheia. Aquelas pessoas que conseguem já enxergar além do próprio umbigo.

A questão é que para mudar esse mundo e torná-lo mais amistoso, mais habitável, mais respeitoso à vida e à integridade humana, esbarramos justamente naquelas outras pessoas que só estão centradas em si, que se tornam contrárias ou indiferentes (não sei o que é pior), aos projetos de melhoria coletiva e às ideias de transformação social.

O egoísmo, a ambição desmedida pelo dinheiro, a ilusão do poder, o apego aos próprios interesses, em detrimento do interesse alheio e do interesse coletivo – esses são os verdadeiros obstáculos para mudar o mundo. E esses obstáculos podem estar em certa medida, dentro de todos nós, não importa o partido político, a religião ou a origem social. Em alguns mais, outros menos. Há, por exemplo, pessoas idealistas, que desejam sinceramente contribuir para a melhoria das coisas, mas aos ideais mais nobres, misturam-se doses maiores ou menores de vaidade, desejo de dominação, vontade de lucro sem consideração com os meios de se obtê-los e assim por diante.

Por isso, embora tenhamos que trabalhar e muito para mudar o mundo externamente, as instituições, as escolas, as famílias, as engrenagens econômicas, as formatações políticas – tornando esses espaços mais democráticos, mais abertos às transformações, mais transparentes e amistosos ao ser humano – sobretudo temos que trabalhar pela mudança das mentalidades e… dos corações.

Sim, não basta um engajamento cognitivo em ideias emancipadoras. É preciso mudar o modo de sentir. Sentir empatia com o outro – por exemplo, racismo, machismo, homofobia, xenofobia… isso não se cura com leis. As leis podem até reprimir a sua manifestação e suscitar a discussão sobre o tema. As leis podem ser até educativas nesse sentido. Mas muda-se isso quando todos se sentirem de fato no lugar do outro, profundamente, sinceramente. Colocar-se no ponto de vista de quem sofre violência, de quem é excluído, de quem não encontra guarida social para seus direitos.

Não basta termos uma cartilha de ideias progressistas. É preciso renunciar a privilégios, é preciso sentir-se incomodado de possuir em demasia, quando milhões passam fome; é preciso sorver até o fundo a taça do vazio existencial dos que vivem apenas para o dinheiro e para o luxo, fechando os olhos para a humanidade.

Platão dizia que a tarefa da Educação é justamente abrir os olhos da alma. É por isso que os educadores devem se empenhar. Educação não é ensino frio de gramática e matemática, como querem os da Escola sem Partido, desejando esvaziar a educação de sua essência. Educação não é doutrinação de princípios abstratos, sejam eles de filosofias materialistas ou de religiões fundamentalistas. Educação de verdade é sensibilização, é motivação para o sair de si, é despertar de consciência para aquilo que é essencial na vida – o amor, a solidariedade, o trabalho construtivo, a natureza…e sobretudo, o outro. Educação é um caminho que se percorre de mãos dadas e não se sentando em carteiras monótonas, diante de lousas feiosas, aprisionando-se as pessoas na grade curricular.

É por essa Educação que a Universidade Livre Pampédia trabalha. Com ela sonhamos, é dela que falamos, é ela que procuramos praticar (sobretudo com adultos, para que esses adultos possam fazer o mesmo com outros adultos, com crianças e com adolescentes).

É um processo, longo, de semeadura, de militância, de sacrifício – mas há muitos outros fazendo isso no mundo e um dia chegaremos a mobilizar a todos para que queiram viver num planeta mais acolhedor.

2 respostas para ‘Do mundo que não aguentamos mais para o mundo que queremos… qual o caminho?

  1. Sim! Lendo o texto me lembrei de algo que escrevi outro dia. É verdade que todos são iguais perante a lei, mas o objetivo é que todos sejam iguais perante e além da lei.

    E é preciso que todo entendamos isto, juristas ou não. Só no dia em que isto acontecer teremos dado um passo significativo rumo a esse novo mundo.

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  2. Excelente texto.Mas as minhas teorias e achismos não serve para todos, somos seres individuais. Na visão de Platão a educação tem a tarefa de abrir os olhos da alma mas o individuo precisa querer, este percurso é longo, doloroso, requer sacrifícios,nem todos querem sair da zona de conforto, torna-se melhor deixar as coisas acontecerem e ficar esperando a maré dos acontecimentos esquecendo de si e principalmente dos outros.

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